Tuesday, March 06, 2007

Via crucis para Al Gore?

O ambientalista Al Gore está sendo crucificado pela mídia por não dar o exemplo do estilo de vida que prega. Quem assistiu “Uma Verdade Inconveniente” sabe que seu discurso é o do desenvolvimento sustentável, preservando os recursos naturais e protegendo o meio ambiente.
Mas, foi divulgado pela imprensa americana o tamanho da conta de energia de sua residência no Tennessee. Será que Al Gore é do tipo “faça o que digo, não faça o que eu faço”, ou ele está apenas sendo alvo de uma matéria sensacionalista?
Não estou aqui para julgar ninguém. Minha intenção, ao postar esse texto, é simplesmente alertar a todo mundo que o nosso estilo de vida, por maior esforço que façamos, é insustentável. A sociedade vive hoje de uma forma tão predadora a ponto de nos sentirmos impotentes diante de mudanças ineficazes. Nesse blog, em novembro de 2006, postei o texto Pé-Grande, fazendo um desabafo ao descobrir o tamanho da minha “pegada ecológica”. Eu que sempre me considerei um cidadão consciente, ambientalmente e socialmente responsável, fiquei revoltado ao constatar que tudo aquilo que eu fazia era muito pouco; era preciso fazer mais, muito mais!!
É preciso fazer mais, mas fazer o quê?!
Será que teremos que voltar às cavernas para salvar o Planeta? Certamente não. Cientistas já perceberam que a relação entre a degradação ambiental e a renda segue uma linha parabólica (∩), chamada na literatura científica de Curva Ambiental de Kuznets. Significa que a taxa de degradação cresce junto com a renda até que essa atinge um valor limite, e começa a diminuir a partir daí.
Com esse entendimento em mãos, constatou-se que barrar o desenvolvimento socioeconômico não é a solução, mas sim encontrar tecnologias limpas e evitar desperdícios, pois níveis mais altos de renda podem levar a padrões de consumo ambientalmente sustentáveis.
O discurso de Al Gore deveria ser o da preservação ambiental em conjunto com a mitigação da desigualdade social. Quanto a esta última, o ambientalista está longe de cumpri-la; basta vermos a magnitude da sua mansão.

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